Amanda Murta
5 min readAug 20, 2021
Deva Darshan from Unsplash

“Depois de tanto caminhar

Depois de quase desistir

Os mesmos pés cansados voltam pra você

Pra você”

Transição de carreira: mais um caminho na vida para se descobrir

Essa música tem sido minha companheira nos últimos tempos. Ela me faz refletir, me arrepia, me envolve de uma maneira singular e eu queria dividir com você um momento que estou passando ao som dessa música.

Decidi contar pra você porque é um momento difícil pra mim e que acho que a escrita pode me ajudar a lidar com isso. Por pra fora, sabe? Não deixar as palavras apenas presas no meu pensamento.

Esse ano eu vou passar por uma nova transição de carreira. Ao mesmo tempo que é animador, o medo me rodeia, pois vem junto a sensação de incerteza. A dúvida se vai dar certo, se fiz uma boa escolha, como será esse caminho, aonde eu vou chegar. Já passou por isso? 💭

Tudo começou quando eu fui “emprestada” por alguns meses para outra empresa do mesmo grupo da minha empresa “atual/original” como forma de manuntenção de emprego por conta da pandemia. Fui para uma empresa jovem e do ramo financeiro: uma Fintech.

Eu nunca imaginei trabalhar nesse segmento, pois nunca senti atração e afinidade já que tive alguns problemas com bancos por conta de experiências de uso ruins e falta de transparência.

“Fiz mais do que posso

Vi mais do que aguento”

Eu carreguei nas minhas costas a minha experiência negativa que acabou me deixando insegura no início. Eu estava pisando em solo desconhecido. As primeiras semanas foram difíceis pra mim. É um habitat que eu não tenho a mínima noção de como funciona, ao ponto de me achar uma “analfabeta” no assunto, sabe? Isso me incomodou, me deixou perdida e ansiosa.

Eu fui para a Fintech com a missão de atuar como Product Manager na frente de B2B. Não se apegue ao termo “Product Manager”, pois a atuação varia de empresa para empresa, mas eu fazia análises de funcionalidades e buscava entender o impacto dela no produto, conversando com outros times da empresa. Quando o desenvolvimento da funcionalidade fosse iniciado, eu deveria acompanhar a entrega nas lojas (App Store e Google Play). Eu já estava acostumada com esse tipo de papel na minha empresa “original”. Mas essa mudança que veio de repende me deu uma oportunidade que eu não esperava:

  • Contato com análise de dados;
  • Acesso a ferramenta Amplitude Analytics, muito cara, mas muito potente para acompanhamento do comportamento do usuário no produto digital;
  • Geração de hipóteses;
  • Acompanhamento de melhorias por meio de dados;
  • Contato com usuários do produto via pesquisas quantitativas e qualitativas;

“Eu fugi do que era seguro”

Quando te falei que foi curta essa experência, foi tão intenso, tão vivido. Estava convivendo (remotamente) com pessoas muito boas no que fazem. A troca de conhecimento era diária e de muita cumplicidade. Muito companheirismo e sou muito grata por isso. Acho que isso foi fundamental para ser uma experiência tão rica em tão pouco tempo.

Essas oportunidades que listei aí em cima eram um novo mundo pra mim. Por isso, não me sentia segura, mas me fez viver algo novo que despertou muito o meu interesse. Muito do que eu li em livros de design, de processo, em eventos e entrevistas, eu vi aplicado nesse período. Bem ou mal, estava sendo aplicado. A insegurança me intrigou, mas me fez viver algo jamais vivido e esperado. Eu fugi, sem querer, do que era seguro pra mim na minha empresa “original”. Quantas vezes a gente faz isso, né? Às vezes a gente nem percebe.

Até que a minha empresa “original” perguntou: Amanda, você quer voltar?

Apesar de estar encantada com o que estava vivendo, eu tive que tomar uma decisão muito importante na minha carreira. O entusiamos era nítido e a ideia de mudar de empresa era real. Essa pergunta foi feita em plena sexta-feira. Nem preciso te contar que fiquei pensativa o meu final de semana inteiro, né? Minha mente não descansou. Chorei.

Como tudo na vida, é preciso entender o que você quer, onde você quer chegar, o que você gosta, o que você não gosta. Eu precisei olhar pra dentro de mim mesma e entender o que a Amanda queria. Não é fácil responder isso, não é fácil tomar decisões que envolvem o seu próprio futuro.

Só que eu “[…] vi mais do que aguento” 🎵. Como falei, eu fui trabalhar em um ramo que eu jamais me imaginei, pois eu mesma nunca desejei isso. Eu precisei achar a resposta do que eu realmente gostava de trabalhar, do que eu realmente gostava de me envolver, do que eu realmente conseguia me entregar pra fazer o meu melhor. Apenas gostar não é e não pode ser o suficiente. Pelo menos esse foi o meu raciocínio. Esse questionamento foi determinante para me ajudar a definir em que empresa continuar e foi na minha empresa “original” do ramo de eventos.

“Depois de tanto caminhar

Depois de quase desistir

Os mesmos pés cansados voltam pra você

Pra você”

Hoje, eu estou feliz com a minha decisão, mas a experiência que vivi me fez refletir se gostaria ainda de continuar sendo Product Manager. E aí veio mais uma transição de carreira, mais uma escolha difícil do que eu queria fazer, de como eu poderia contribuir na empresa. O que me ajudou a tomar essa decisão foi conversar na empresa com pessoas da área que buscam entender o usuário, sua jornada, unido a necessidade do negócio e que monitoram por meio de dados as iniciativas realizadas no produto. Essa abordagem foi, em grande parte, o que me encantou na Fintech.

Não é a primeira e talvez não será a última transição de carreira que farei na vida. Quero ser muita coisa nessa vida, até caminhoneira. Mas vou em busca de um novo começo, um novo reencontro, na fé de que estou, pelo menos, tentando seguir feliz. Não apenas aceitando que meu caminho é e deve ser um só. Vou com medo, vou insegura de novo, seguindo uma nova direção, mas agora me sinto leve com o pensamento de que serei mais feliz do que antes, como UX Researcher.

A música que me inspirou e que foi usada como referência foi “Pés cansados”, da Sandy. Depois ouve lá. Espero que a música te faça bem:

Deixa aí o seu comentário sobre transição de carreira, o que te ajudou a tomar decisões difíceis na vida ou o que quiser compartilhar. A gente se ajuda. 😉

Amanda Murta

Product Manager | Service Designer | Discovery | Delivery | Data Lover